5G impactará todas as indústrias, mas quão perto estamos da conexão ultrarrápida?

Qualcomm realiza primeira conexão 5G em um smartphone e promete comercializar o novo Snapdragon X50 em 2019. Infraestrutura para o novo padrão de rede sem fio, entretanto, enfrenta desafios

 

Há cerca de dois anos a indústria de tecnologia móvel começou a posicionar no horizonte de nossa ansiedade por conexão e mobilidade uma nova potência: o 5G. Trata-se da próxima geração de conexão sem fio que promete acelerar e muito a navegação dos usuários. Com ela, será possível entregar muito mais tráfego que as redes atuais e com uma rapidez, no mínimo, 10 vezes superior ao atual 4G LTE. Para colocar em uma perspectiva, digamos, mais próxima do nosso conforto, é o tipo de velocidade que permitirá você baixar um filme em HD em questão de segundos.

E não somente o entretenimento e a comunicação serão impactadas. Os protagonistas desta indústria – operadoras, fabricantes de smartphones, de modem e de processadores – são unânimes ao salientar que a próxima geração da redes sem fio impactará toda a cadeia de produção, modelos de negócios e, claro, os hábitos de seus consumidores.

A ideia é que aparatos, que até pouco tempo atrás estavam mais próximos de um fetiche tecnológico ou tema de pesquisa de laboratórios secretos no Vale do Silício, conseguirão chegar às massas com o 5G: óculos de realidade mista, drones e carros autônomos, sensores inteligentes para fábricas digitais, robôs cirurgiões e, eventualmente, novas formas de se comunicar, de trabalhar, enfim, de viver. Tais serviços ou produtos se beneficiarão da chamada baixa latência, cujo tempo de resposta entre um dispositivo e outro é, praticamente, instantâneo. Se hoje, conectado a uma rede 4G, um carro autônomo demora 20 milissegundos para ter uma reação preventiva a algo que poderia causar um acidente, com o 5G este tempo de resposta cairia para 1 milissegundo.

“O 5G será uma das transições mais significativas que teremos em nossa indústria”, salienta Cristiano Amon, vice-presidente executivo da Qualcomm Technologies, durante evento da fabricante de chips em Hong Kong. “Será como a eletricidade. Em alguns anos nós não teremos mais uma discussão sobre os casos de uso, nós iremos apenas assumir que está lá, porque tudo estará de fato conectado à nuvem”, compara.

Além da Qualcomm, concorrentes como a Nokia, Samsung e Intel têm concentrado esforços em uma acirrada corrida para comercializar o 5G. Afinal, a maratona para garantir propriedade intelectual em um mundo conectado a tal rede será certamente lucrativa a longo prazo. Segundo o estudo “The 5G Economy”, comissionado pela Qualcomm, a quinta geração de redes móveis deverá gerar receitas de até US$ 3,5 trilhões e produzir até US$ 12,3 trilhões em bens e serviços até 2035. É o tipo de potencial ao qual muitos especialistas creditam o 5G como uma tecnologia de propósito geral, assim como a eletricidade e o automóvel.

Companhias têm testado a conexão internamente e a padronização para caracterizar o que é – de fato – uma conexão 5G ainda está à caminho. Entretanto, a Qualcomm reivindicou, pelo menos por enquanto, liderança sobre o tema quando, durante o 4G/5G Summit, Cristiano Amon anunciou que a fabricante conseguiu, com sucesso, estabelecer uma conexão 5G em um dispositivo móvel. Trata-se de um grande passo tendo em vista que, até então, os dispositivos de teste habilitados para conexão 5G tendiam a ter o tamanho de uma caixa de sapatos. O teste, realizado nos laboratórios de San Diego, utilizou o chipset com modem Snapdragon X50 NR, anunciado há um ano.

“Estamos começando com uma série de testes agora nesta segunda metade de 2017, e temos sistemas protótipos que estão, de fato, permitindo tentativas e testes tanto em sub-6 GHz quanto em onda milimétrica”, ressaltou Amon.

O chipset foi desenhado para capturar frequências extremamente altas nas quais o 5G será transmitido. Ele deve alavancar os desdobramentos iniciais de redes 5G, permitindo velocidade de download a cerca de 5Gps e dando suporte a operação no espectro milimétrico a 28GHz, com 800MHz de banda, junto com a chamada tecnologia Multiple-Input Multiple-Output (MIMO). A Qualcomm aproveitou o 4G/5G Summit para também apresentar o design de referência para smartphones 5G, que será usado por fabricantes parceiras.

Enquanto a maioria das operadoras e fabricantes mundo afora colocam o ano de 2020 como um prazo mais tangível para a chegada do 5G, a Qualcomm visa a disponibilidade comercial de aparelhos 5G já em 2019.